16 out 2020

O mistério da escrita, o poder da poesia, os segredos das bibliotecas

Uma casa de três andares, uma fachada branca como outras aqui no bairro, uma morada na Rua Coelho da Rocha. Nas janelas vemos grandes letras, um código de cores, um enigma para encontrar um nome.

Uma larga seta vermelha na calçada indica a entrada. A Casa Fernando Pessoa está aberta ao público. Sabe muito bem poder dizer isto. Ainda nos rimos ao dizer isto. O museu está aberto, a biblioteca está a funcionar e muito em breve voltaremos a ter público no auditório.

Ouvimos novas vozes que conversam e comentam a exposição, de novo falamos em várias línguas com os visitantes, e surgem perguntas e observações que não previmos. Está vivo o museu porque está habitado. Um museu de livros e gente.

Passámos o Verão a preparar a Casa - ficou pronta no final de Agosto. Agora, temos um plano para receber as visitas. Podemos receber estudantes e professores, vizinhos e viajantes, leitores de Pessoa – antigos e futuros. Recomeçámos as visitas com áudio-descrição e com interpretação em língua gestual portuguesa, e montámos um programa com sessões presenciais, outras filmadas.

Há um museu em Lisboa, um lugar de literatura, com três andares de histórias sobre o mistério da escrita, sobre o poder da poesia, sobre os segredos das bibliotecas e de personagens imaginadas tão vivas como nós. Fernando Pessoa viveu aqui – esta morada tem a porta aberta.
 

Clara Riso · Directora da Casa Fernando Pessoa