Cronologia
Esta cronologia foi adaptada da publicada em Fernando Pessoa, Escritos Autobiográficos, Automáticos e de Reflexão Pessoal (Assírio & Alvim, 2003), posteriormente revista pelo autor, Richard Zenith.
Filtrar por: Fernando Pessoa, Heterónimos, Acontecimentos Históricos
1887
5 de Setembro: Os pais de Fernando Pessoa casam-se, em Lisboa.
Joaquim de Seabra Pessoa, pai do poeta, nasceu, em Lisboa, em 1850, era empregado no Ministério de Justiça e redactor, à noite, do Diário de Notícias, com uma extensa colaboração como crítico musical, entre 1876 e 1892.
Maria Madalena Pinheiro Nogueira, mãe de Pessoa, nasceu em 1861, em Angra do Heroísmo (Ilha Terceira), vem viver para o continente em 1865, depois de seu pai, Luís António Nogueira, ter sido nomeado Secretário-Geral do Governo Civil do Porto. Criada no Porto e em Lisboa, não voltará a viver nos Açores.
19 de Setembro: Segundo Pessoa, Ricardo Reis nasce neste dia, às 16h05, no Porto.
1887
5 de Setembro: Os pais de Fernando Pessoa casam-se, em Lisboa. O pai, Joaquim de Seabra Pessoa, nasceu em Lisboa em 1850. Trabalhava no Ministério de Justiça e, à noite, era crítico musical no Diário de Notícias. A mãe, Maria Madalena Pinheiro Nogueira, nasceu em 1861 em Angra do Heroísmo (Açores). Veio viver para o continente quando tinha 4 anos, depois de o seu pai ter sido nomeado Secretário-Geral do Governo Civil do Porto. Criada no Porto e em Lisboa, não voltará a viver nos Açores.
19 de Setembro: Nasce às 16h05, no Porto, Ricardo Reis.
1888
13 de Junho: Nasce Fernando António Nogueira Pessoa, numa casa particular em frente ao Teatro Nacional de S. Carlos, n.º 4, 4.º Esq., às 15h20.
Alexander Search nasce no mesmo dia, em Lisboa.
1889
16 de Abril: Nasce às 13h45, em Lisboa, Alberto Caeiro.
1890
15 de Outubro: Nasce às 13h30, em Tavira, Álvaro de Campos.
1893
21 de Janeiro: Nasce Jorge, o irmão de Pessoa.
13 de Julho: Morre o pai de Pessoa, vítima de tuberculose.
1894
2 de Janeiro: Morre o irmão Jorge, com uma reacção alérgica à vacina da varíola.
Janeiro: A mãe conhece João Miguel Rosa, seu futuro marido. Mais tarde Pessoa torna-se amigo de Henrique Rosa, irmão do padrasto, que vai exercer grande influência política e literária sobre ele.
1895
26 de Julho: Com 7 anos, compõe os seus primeiros versos, uma quadra intitulada «À minha querida mamã».
30 de Dezembro: A mãe casa-se, por procuração, com o comandante João Miguel Rosa, que está em Durban como cônsul de Portugal. O marido é representado pelo irmão, Henrique Rosa. Deste casamento vão nascer 5 filhos. Dois morrem em criança.
1896
20 de Janeiro: Pessoa e a mãe partem de Lisboa rumo à Madeira, onde, no dia 31, embarcam no Hawarden Castle para Durban, na actual África do Sul. A viagem demora 30 dias.
Março: Pessoa ingressa na Convent School, um colégio de freiras irlandesas e francesas, onde, por ser muito dotado, vai fazer em três anos o equivalente a cinco anos lectivos.
1899
7 de Abril: Pessoa ingressa na Durban High School.
1901
Junho: Obtém o First Class School Higher Certificate da Universidade do Cabo da Boa Esperança.
1 de Agosto: Viaja com a família, de férias, para Lisboa, num vapor que passa por Lourenço Marques (actual Maputo), Zanzibar, Dar-es-Salam, Port Said e Nápoles.
1901
Junho: Obtém o First Class School Higher Certificate da Universidade do Cabo da Boa Esperança.
1 de Agosto: Viaja com a família, de férias, para Lisboa, num vapor que passa por Lourenço Marques (actual Maputo), Zanzibar, Dar-es-Salam, Port Said e Nápoles.
1902
26 de Junho: No final das férias, a mãe e o padrasto embarcam para Durban com os filhos, mas Pessoa permanece em Lisboa, com as tias-avós maternas.
18 de Julho: Sai no jornal O Imparcial o seu primeiro poema publicado, «Quando a dor me amargurar».
19 de Setembro: Embarca sozinho para Durban, no Herzog.
Outubro: Ingressa na Commercial School de Durban.
1903
11 de Julho: Pessoa publica o seu primeiro poema inglês, «The Miner’s Song», no jornal The Natal Mercury, assinando como Karl P. Effield, supostamente de Boston.
Novembro: Faz o exame de qualificação na Universidade do Cabo da Boa Esperança. Ganha o Queen Victoria Memorial Prize para o melhor ensaio, entre 899 candidatos, apesar de o inglês não ser a sua língua materna.
1904
9 de Julho: Publica, no jornal The Natal Mercury, um poema assinado por C. R. Anon, poeta e prosador em inglês. Trata-se do primeiro autor fictício que publica obra extensa.
16 de Dezembro: Faz o Intermediate Examination in Arts da Universidade do Cabo da Boa Esperança, sendo colocado na Second Class e obtendo a classificação mais elevada da província do Natal (província KwaZulu-Natal na actual África do Sul).
1905
20 de Agosto: Embarca no Herzog com destino a Lisboa. Não voltará a África do Sul. Sabe-se que não gostava de viajar.
2 de Outubro: Começa a frequentar o Curso Superior de Letras em Lisboa.
1906
São atribuídos os primeiros poemas a Alexander Search.
1907
Junho: Pessoa abandona o Curso Superior de Letras, provavelmente por falta de motivação.
6 de Setembro: Morre Dionísia de Seabra Pessoa, a avó paterna. Pessoa, o seu único herdeiro, vai receber a herança ao atingir a maioridade (1909).
1908
Surge Jean Seul, autor de textos em francês.
14 de Dezembro: Primeiro fragmento datado de Fausto, drama em verso inspirado na obra do poeta alemão Goethe, que ficará inacabado.
1909
Agosto: Vai a Portalegre comprar máquinas para abrir a Empresa Íbis - Tipográfica e Editora, que começa a funcionar em Novembro. Faz esta compra com o dinheiro que recebeu como herança da avó Dionísia.
1910
Junho: A Empresa Íbis é extinta por falta de clientes.
1912
Abril: Publica o seu primeiro artigo de crítica, «A Nova Poesia Portuguesa Sociologicamente Considerada», na revista literária A Águia (Porto).
1913
Agosto: Publica na revista A Águia «Na Floresta do Alheamento», texto identificado como «Do Livro do Desassossego, em preparação»
1914
Fevereiro: Publica na revista literária A Renascença (Lisboa), que teve este único número, os seus primeiros poemas de adulto, «Ó sino da minha aldeia» e «Pauis de roçarem ânsias pela minh’alma em ouro», sob o título geral «Impressões do Crepúsculo».
Dezembro: Surge Raphael Baldaya, astrólogo e estudioso do ocultismo.
1915
Surge António Mora, concebido como um “continuador filosófico” de Alberto Caeiro.
Morre Alberto Caeiro.
24 de Março: Sai Orpheu 1, que inclui O Marinheiro, com o subtítulo “drama estático” e, de Álvaro de Campos, «Opiário» e «Ode Triunfal».
Junho (finais): Sai Orpheu 2, que inclui «Chuva Oblíqua» e a «Ode Marítima» de Álvaro de Campos.
1916
Março: Começa experiências de escrita automática ou mediúnica, que resulta da comunicação entre mortos e vivos.
Setembro: Resolve tirar o acento circunflexo do apelido, que até então escrevia “Pessôa”, por “prejudica[r] o nome cosmopolitamente”, como explica numa carta ao amigo Armando Cortes-Rodrigues.
1917
12 de Maio: Decide-se o conteúdo definitivo de Orpheu 3, que é quase totalmente impresso em Julho, mas que não chega a ser publicado por falta de verba.
Outubro: Publicação de o Ultimatum de Álvaro de Campos no único número da revista Portugal Futurista, apreendida pela polícia em Novembro.
1918
Julho: Pessoa publica, à sua custa, Antinous e 35 Sonnets. Envia exemplares a vários jornais britânicos, onde saem recensões favoráveis embora com algumas reservas relacionadas com o seu inglês arcaizante.
1919
Ricardo Reis, monárquico segundo a sua biografia, exila-se no Brasil.
7 de Outubro: Morre, em Pretória, o padrasto.
8 de Outubro: Conhece Ofélia Queiroz na firma Félix, Valladas & Freitas, Lda., onde trabalha como tradutor de cartas comerciais. Ofélia, contratada como secretária, vem a ser a única namorada de Pessoa de que se tem conhecimento
1920
1 de Março: Data da sua primeira carta a Ofélia Queiroz.
Março: Aluga, em nome da mãe, a casa da Rua Coelho da Rocha, 16, 1.º Dto., actual Casa Fernando Pessoa.
30 de Março: Depois da morte do padrasto, a mãe e os meios-irmãos de Pessoa desembarcam em Lisboa.
Abril: A família instala-se na Rua Coelho da Rocha, 16, 1.º Dto. Pessoa residirá nesta casa até morrer.
Outubro: Pessoa cria a firma Olisipo. Funciona, sobretudo, como editora de livros e como intermediária em negócios mineiros. Nestas funções, Pessoa vale-se dos seus estudos na Commercial School em Durban e de experiências anteriores em empresas do ramo.
29 de Novembro: Termina a relação com Ofélia Queiroz.
1921
Dezembro: Pessoa publica, através da sua firma Olisipo, os seus English Poems I-II e English Poems III. Publica também A Invenção do Dia Claro de Almada Negreiros.
1922
Maio: Publica O Banqueiro Anarquista no primeiro número da Contemporânea, revista de literatura e arte (Lisboa). Na mesma revista publica, em Outubro, «Mar Português» (conjunto de doze poemas, onze dos quais farão parte da Mensagem, único livro de poesia em português publicado em vida de Pessoa).
Novembro: A sua firma Olisipo reedita a obra Canções de António Botto, poeta controverso por ser assumidamente homossexual.
1923
Fevereiro: Álvaro de Campos publica, na Contemporânea, «Lisbon Revisited (1923)».
A sua firma Olisipo publica Sodoma Divinizada, um folheto de Raul Leal, autor que fez parte do grupo do Orpheu.
Março: O Governador Civil de Lisboa ordena a apreensão de vários livros “imorais”, entre os quais as Canções de António Botto e Sodoma Divinizada de Raul Leal. Pessoa reage, fazendo circular dois manifestos em defesa dos autores
1924
Outubro: Ricardo Reis estreia-se publicamente com um conjunto de vinte odes, no primeiro número da Athena, revista de arte (Lisboa), dirigida por Pessoa e Rui Vaz, de que sairão cinco números.
Dezembro: Publica, no segundo número da revista Athena, “Os Últimos Poemas de Mário de Sá-Carneiro” e “O que é a Metafísica”, em que Álvaro de Campos discorda de Fernando Pessoa.
1925
8 de Fevereiro: Morre Henrique Rosa, irmão do padrasto, que teve uma relação de amizade com Pessoa e que o influenciou política e literariamente.
17 de Março: Morre a mãe.
Março: Alberto Caeiro faz a sua estreia pública, com 23 poemas de O Guardador de Rebanhos, no quarto número da Athena.
Junho: Publicam-se, no quinto número da Athena, 16 composições que fazem parte dos Poemas Inconjuntos, de Alberto Caeiro.
27 de Outubro: Apresenta um pedido de patente pela sua invenção de um “Anuário Comercial Sintético”, uma espécie de páginas amarelas, com informação codificada sobre actividade e contactos de empresas europeias. A patente é-lhe concedida.
1926
Junho: Pessoa publica, na Contemporânea, «Lisbon Revisited (1926)», de Álvaro de Campos.
1927
4 de Junho: Com um poema ortónimo, ou seja, assinado com o seu nome, e o texto «Ambiente», assinado por Álvaro de Campos, Pessoa inicia a sua intensa colaboração com a Presença, revista de arte e crítica (Coimbra).
18 de Julho: Publica, na Presença, três odes de Ricardo Reis.
1928
Agosto: Surgem, num caderno, os primeiros trechos atribuídos a Barão de Teive, provavelmente o último autor fictício criado por Pessoa.
1929
Fevereiro: Sai em A Revista (Lisboa) um trecho do Livro do Desassossego. Até 1932 vão ser publicados mais 10. Desde 1913 que Pessoa não publicava sob este título. Todos os trechos são atribuídos a Bernardo Soares.
Maio-Agosto: Publicam-se, pela Solução Editora, três fascículos de uma Antologia de Poemas Portugueses Modernos, organizada por Pessoa e António Botto.
Setembro: Pessoa e Ofélia Queiroz retomam a relação
25 de setembro: Carta de Álvaro de Campos para Ofélia Queiroz
26 de setembro: Carta de Ofélia Queiroz para Álvaro de Campos1930
11 de Janeiro: Escreve a última carta a Ofélia Queiroz. Ofélia morre em 1991.
13 de Junho: Escreve «Aniversário», publicado na revista Presença como tendo sido escrito por Álvaro de Campos, no seu último aniversário: 15 de Outubro de 1929.
23 de Julho: Escreve os dois últimos poemas datados de Alberto Caeiro.
2 de Setembro: Aleister Crowley, o mago e ocultista inglês com quem Pessoa mantém correspondência desde 1929, chega a Lisboa.
23 de Setembro: Crowley encena o seu suicídio na Boca do Inferno, perto de Cascais, depois de um conflito com a namorada, Hanni Jaeger. Pessoa e Augusto Ferreira Gomes (jornalista, poeta e escritor, grande amigo de Pessoa) colaboram na farsa.
5 de Outubro: O Notícias Ilustrado publica uma entrevista forjada, de Augusto Ferreira Gomes a Fernando Pessoa, sobre o caso Crowley.
1931
Fevereiro: Publica, na Presença, o oitavo poema de O Guardador de Rebanhos e algumas das Notas para a Recordação do meu Mestre Caeiro, de Álvaro de Campos.
1932
16 de Setembro: Pessoa candidata-se ao lugar de Conservador-Bibliotecário do Museu-Biblioteca Conde de Castro Guimarães, em Cascais, mas não é seleccionado.
Novembro: Publica, na revista Presença, «Autopsicografia».
1933
Janeiro: Pierre Hourcade, estudioso francês da literatura portuguesa, radicado em Portugal, publica, pela primeira vez em França, na revista Les Cahiers du Sud (Marselha), cinco poemas de Pessoa, com introdução e tradução suas.
Julho: Publica, na Presença, o poema «Tabacaria», de Álvaro de Campos.
1934
Maio: Pessoa publica o poema «Eros e Psique», a sua última colaboração na revista Presença.
1 de Dezembro: Sai Mensagem, único livro em português publicado por Pessoa, que vai vencer o Prémio de Poesia Antero de Quental (segunda categoria, para textos com menos de 100 páginas), criado pelo Secretariado de Propaganda Nacional.
1935
13 de Janeiro: Escreve a Adolfo Casais Monteiro, um dos directores da revista Presença, uma carta em que explica a génese dos heterónimos, texto muito importante para a compreensão da heteronímia.
21 de Outubro: Escreve «Todas as cartas de amor são /Ridículas», último poema datado de Álvaro de Campos.
13 de Novembro: Escreve «Vivem em nós inúmeros», último poema datado de Ricardo Reis.
19 de Novembro: Escreve «Há doenças piores que as doenças», o seu último poema português datado.
22 de Novembro: Escreve «The happy sun is shining», o seu último poema em inglês datado.
29 de Novembro: É internado, com forte dores abdominais, no Hospital de S. Luís dos Franceses, em Lisboa. Escreve as suas últimas palavras: “I know not what tomorrow will bring” (“Não sei o que o amanhã trará”).
30 de Novembro: Morre, por volta das 20h.
2 de Dezembro: É enterrado no cemitério dos Prazeres, em Lisboa, onde Luiz de Montalvor (poeta, ensaísta e crítico) profere um breve discurso, em nome dos sobreviventes do grupo da revista Orpheu, de que tinha sido o primeiro director.
1936
A revista Presença publica um número inteiramente consagrado a Fernando Pessoa.
1942
É publicada pela Editorial Confluência uma antologia da poesia de Pessoa, organizada por Adolfo Casais Monteiro, que reúne mais de cem poemas publicados em vida.
1942–1946
Publicação da poesia de Pessoa em cinco volumes pela editora Ática, com organização de João Gaspar Simões (crítico, ensaísta e director da revista Presença) e Luiz de Montalvor. São incluídos muitos poemas inéditos, provenientes dos documentos encontrados na arca onde Pessoa guardava os seus escritos.
1949
É publicado o primeiro grande estudo sobre a obra de Pessoa, Diversidade e unidade em Fernando Pessoa, de Jacinto do Prado Coelho (Editorial Verbo).
1950
É publicada a primeira biografia de Pessoa, Vida e Obra de Fernando Pessoa, escrita por João Gaspar Simões (Bertrand).
1973
Eduardo Lourenço (professor, ensaísta e crítico) publica o livro Pessoa Revisitado (Editorial Inova).
1979
O Estado adquire à sua-irmã, Henriqueta Madalena Nogueira Rosa Dias, o espólio de Pessoa, que é transferido para a Biblioteca Nacional de Portugal.
1982
Primeira edição do Livro do Desassossego, organizada por Jacinto do Prado Coelho, Maria Aliete Galhoz e Teresa Sobral Cunha, publicada pela Ática.
1985
Trasladação dos restos mortais de Pessoa para o Mosteiro dos Jerónimos, no cinquentenário da sua morte, em cerimónia de Estado.
1988
Colóquios, exposições e novidades editoriais comemoram o centenário do nascimento. Pessoa já é largamente lido, traduzido e estudado no mundo inteiro.
A Câmara Municipal de Lisboa compra à família de Pessoa um lote de objectos pessoais, cerca de 1200 livros da sua biblioteca e duas peças de mobiliário que vêm a ser o espólio da Casa Fernando Pessoa à data da sua inauguração.
1993
30 de Novembro: Inauguração da Casa Fernando Pessoa.
2019
Setembro: O espólio documental de Fernando Pessoa é classificado como bem de interesse nacional e designado como “tesouro nacional”.