Jorge Uribe
Voragens e paradoxos do modernismo internacional
Sinopse: A fabricação de uma coterie de entidades poéticas, fingidas como autónomas e extremamente fecundas, é certamente um traço distintivo e potencialmente único da obra de Fernando Pessoa. Porém, a capacidade que habilita essa fabricação é produto de um pensamento transversal a escritores de diversas línguas que, desde a segunda metade do século XIX e durante as primeiras décadas do XX, se ocuparam em realizar o que poderia ser o fingimento de uma adaptabilidade artística em tempos de aceleração e sobreestimulação modernas. Nesta comunicação, procurar-se há propor como uma "teoria" sobre a pose, a falsificação e a simulação literárias pode tecer redes internacionais que sugerem um inesperado parentesco do modernismo português de Pessoa, por via dos seus precursores ingleses, com manifestações artísticas latino-americanas, irmanadas pela inclinação para fingir novas formas de arte.
Nota biográfica: Jorge Uribe é professor associado da Escola de Artes e Humanidades da Universidad EAFIT (Medellín) e doutor pelo Programa em Teoria da Literatura da Universidade de Lisboa. É membro do projeto Estranhar Pessoa, com sede na Universidade Nova de Lisboa, e corresponsável pela Edição Digital: Projetos e Publicações (pessoadigital.pt). Foi bolseiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e da Fundação Calouste Gulbenkian. Tem traduzido para espanhol autores de língua portuguesa, entre os quais Pepetela, Valério Romão, Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Mário de Andrade e Machado de Assis.