Amanda Tracera
“Grande, querido antigénio”: Fernando Pessoa, mestre de Mário Cesariny
Sinopse: Não raro, os estudos cesarinianos apontam para a influência da poética de Fernando Pessoa na obra de Mário Cesariny. O expoente máximo dessa relação é, talvez, O Virgem Negra, publicado em 1989, mas o diálogo com o poeta moderno tem início muito antes: é em Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos, escrito por volta dos anos 1940 e publicado em 1953, que esse contato é visto de forma explícita pela primeira vez. Nesta comunicação, partiremos de alguns comentários a respeito deste livro feitos por Cesariny em entrevista a Francisco Vale (1982) para investigar o que ele representa para a obra cesariniana. Visamos, com isso, identificar alguns dos momentos em que a obra de Fernando Pessoa foi, para Mário Cesariny, uma espécie de norte poético. Afinal, se, por um lado, o surrealista se dedica a ironizar, rir e “simplificar” Pessoa, por outro é também inegável que este se tornou uma das figuras centrais para a compreensão da obra cesariniana – uma espécie de mestre deslocado, com quem Cesariny estabelece um diálogo ora como aprendiz dedicado, ora como aluno travesso; “o antipoeta por excelência” (CESARINY, 2020, p. 122).
Nota biográfica: Amanda Tracera é doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e bolsista CAPES. Desenvolve pesquisa sobre a obra de Mário Cesariny desde 2019, com foco no seu caráter interartístico.