Eduardo Lourenço (1923 – 2020)
Morreu Eduardo Loureço, alguém que dizia que é perigoso ler Pessoa «porque está lá tudo».
Despedimo-nos com pesar de Eduardo Lourenço de Faria (São Pedro de Rio Seco, 23 de Maio de 1923 – 1 de Dezembro de 2020). Morreu o professor e filósofo referido como «o maior pensador português contemporâneo». Na sua conhecida modéstia, dizia «não sou um grande pensador, o mundo é que pensa e eu tento imaginar o que ele me está a dizer». No Congresso Internacional Fernando Pessoa de 2017, deixou-nos entre o sorriso e a admiração, ao dizer: «é muito perigoso ler Fernando Pessoa, porque está lá tudo»
De resto, Eduardo Lourenço dedicou a Pessoa muito tempo da sua vida, nomeadamente através dos livros Fernando Pessoa Revisitado. Leitura Estruturante do Drama em Gente (1973, Porto, Editorial Inova); Poesia e Metafísica – Camões, Antero, Pessoa (1983, Lisboa, Sá da Costa Editora); Fernando, Rei da Nossa Baviera (1986, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda); e O Lugar do Anjo – Ensaios Pessoanos (2004, Lisboa, Gradiva).
Foram-lhe atribuídos vários Doutoramentos Honoris Causa, em Portugal e no estrangeiro; além de para cima de uma vintena de prémios, de onde se destacam o Prémio Pen Club em 1984, o Prémio Jacinto do Prado Coelho em 1986 e em 2013, o Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon em 1988, o Prémio António Sérgio em 1992, o Prémio Camões em 1996, o Prémio Vergílio Ferreira (Universidade de Évora) em 2001, o “Troféu da Latinidade” em 2003, o Prémio Pessoa em 2011, o Prémio Universidade de Lisboa em 2012, o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural e o Prémio Vasco Graça Moura, em 2016.
Foi condecorado em 1981 com a Ordem de Santiago e Espada (Grande Oficial), em 1992 com a Ordem do Infante D. Henrique (Grã-Cruz), em 1996 com a Ordre National du Mérite (Officier) em França - país que também lhe deu, em 2000, a Ordre des Arts et des Lettres (Chevalier) e em 2002 a Légion d’Honneur (Chevalier). Em 2003, foi agraciado com a Ordem de Santiago e Espada (Grã-Cruz) e em 2008 com a Medalha de Mérito Cultural do Governo Português, recebendo, no mesmo ano, a Orden del Mérito Civil, em Espanha. Em 2014, foi-lhe atribuída a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
Em 2018, estreou o documentário O Labirinto da Saudade, realizado por Miguel Gonçalves Mendes, adaptação da obra homónima de Eduardo Lourenço, em registo de ensaio documental, narrado pelo próprio homenageado – que ali percorre os espaços da sua memória e da própria história e identidade portuguesa.
Será sentida a sua falta na Casa Fernando Pessoa, onde os seus livros, textos e ideias estarão sempre presentes.