Em Novembro, os dias são de Desassossego
Estes meses de grandes mudanças para a Casa Fernando Pessoa têm sido um período de perguntas e experiências. Com a Casa fechada para obras de remodelação, alterámos o ritmo de programação, chegámos a novos lugares na cidade, as oficinas do Programa Educativo são feitas na rua, nas escolas, no jardim.
Nesta circunstância sobressai o trabalho que continuamos a fazer com o Museu fechado: as colaborações ganham outra força, pomos à prova a nossa capacidade itinerante.
Partilhamos um escritório provisório, emprestado pela Junta de Freguesia de Campo de Ourique, ao lado da Igreja de Santa Isabel, umas águas-furtadas de onde se vê ao fundo o rio. Alterámos as nossas rotinas, trabalhamos todos num mesmo piso, reinventámos o espaço de cada um, necessariamente encurtámos as distâncias.
Discutimos mais: sobre museologia, acessibilidade, participação e mediação. Sobre o nosso trabalho, sobre o que ainda falta. Na verdade, já esperamos muito o regresso a Casa.
Até ao fim do ano, continuaremos em acolhedoras casas alheias: o Clube dos Poetas Vivos tem sede no Teatro D. Maria II; as Aulas de Poesia Mundial continuam na Escola de Hotelaria e Turismo; e regressam os Dias do Desassossego, o nosso programa anual com a Fundação José Saramago, que passam este ano pelas BLX (Bibliotecas Municipais de Lisboa), pelo Museu do Aljube e voltam à Igreja de Santa Isabel para fechar o ciclo – sob o céu de Michael Biberstein, abençoada grande tela.
Clara Riso · Directora da Casa Fernando Pessoa