Teresa Líbano Monteiro
Fernando Pessoa: questão que tenho comigo mesmo - José Régio crítico ante a obra pessoana
Sinopse: Fernando Pessoa é, consabidamente, o calcanhar de Aquiles das relações literárias de José Régio – e por estas entenda-se, de modo bloomiano, a influência de escritores anteriores (Pessoa) sobre um escritor mais recente (Régio), visível na obra deste último. Ainda que Régio seja extraordinariamente arguto e lúcido na maioria da crítica que redige, quando escreve sobre Pessoa tais faculdades são substituídas por uma intrigante incompreensão das características mais originais da obra do autor de Mensagem – dentre elas, a heteronímia e o desmedido intelectualismo. A comunicação visa estudar a obra ensaística de José Régio sobre Fernando Pessoa, e nela sondar a raiz de tal relação problemática, embora não isenta de admiração. Procurar-se-á explicar como, na senda do argumento bloomiano apresentado em The Anxiety of Influence, o desconforto de Régio com a obra pessoana provém da ansiedade provocada pelas estranhas semelhanças existentes entre ambos, semelhanças essas que vão, ademais, ao arrepio da própria teoria poética regiana. Ver-se-á assim como, paradoxalmente, o incómodo que Pessoa gera em Régio, e que o torna alvo de críticas por vezes desconcertantes, se prende com a profunda afinidade que, na realidade, ambos partilham – sendo que Régio refreia o intelectualismo a que é dado largas na obra de Pessoa.
Nota biográfica: Teresa Líbano Monteiro é licenciada em Artes e Humanidade pela Universidade de Lisboa (UL) e mestre em Estudos de Cultura pela Universidade Católica Portuguesa (UCP), com uma tese comparatista sobre os contos de Sophia de Mello Breyner Andresen e de Mary Lavin e respectivos contextos históricos. Prepara, neste momento, uma dissertação de doutoramento em Teoria da Literatura (UL) sobre José Régio, sendo bolseira da FCT (com a referência 2022.12337.BD). É, também, leitora na UCP e membro do CECcomp, tomando parte no grupo de investigação Morphe-Textualidades.