Andressa Jove Godoy e Antonia Mora-Luna
Fernando Pessoa na cultura escolar do ensino secundário português. Um estudo histórico e pedagógico
Sinopse: Na educação literária portuguesa prevalece o princípio de representatividade associado ao valor histórico-cultural e patrimonial da língua. A escola assegura o acesso a um capital cultural que, no domínio literário, se materializa num cânone literário pedagógico. Algumas obras de Fernando Pessoa ocupam um lugar de destaque no corpus da literatura escolar e, curiosamente, tanto na área da história da educação, como na da filologia, existe uma carência de estudos que abordem a sua receção escolar. Tendo isso em vista, acreditamos que a reconstrução do processo da canonização escolar de Fernando Pessoa permitirá compreender o valor educativo que tem sido atribuído aos seus textos. Assim, o nosso projeto de investigação tem como objetivo estudar a tradução pedagógica da obra de Fernando Pessoa na educação formal portuguesa através da análise de sua presença, representação e papel na cultura escolar do ensino secundário. Em nosso estudo, consideramos os três eixos de análise da cultura escolar: i. discursos teóricos sobre o ensino da literatura, ii. prescrições curriculares estabelecidas pelo corpo jurídico-normativo, e iii. registos empíricos da prática docente, como propostas pedagógicas, manuais escolares, exames nacionais, antologias, edições adaptadas, além de narrativas de professores e professoras da área.
Nota biográfica: Andressa Jove Godoy é bolseira de doutoramento no Programa Doutoral em Ciências da Educação da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, onde desenvolve o projeto “Paradigmas de ensino de literatura no ensino secundário – Um estudo a partir de histórias de vida de professores e professoras”. É mestre em Estudos Editoriais pela Universidade de Aveiro e licenciada em Letras pela Universidade Federal de São Carlos – Brasil. Publicou artigos acerca dos impactos da educação literária na formação profissional de professores de literatura e sobre a evolução editorial e estética do cânone escolar português prescrito aos estudantes do primeiro ciclo.
Nota biográfica: Antonia M.ª Mora-Luna, nascida em Málaga, Espanha, é investigadora no Departamento de Educação Comparada e História da Educação da Universitat de València. Doutora em Ciências da Educação pela Universidade de Granada, licenciou-se em Filologia Hispânica e também em Teoria da Literatura e Literatura Comparada. Autora de publicações e edições relacionadas com a História da Educação Literária, atualmente desenvolve um projeto de investigação que estuda a tradução pedagógica de autores canónicos espanhóis e portugueses na cultura escolar de ambos os países. Foi cofundadora e editora da Impossibilia. Revista Internacional de Estudos Literários. Traduziu a novela gráfica Balada para Sophie, de Filipe Melo e Juan Cavia.