Opiniões divergentes
O Livro do Desassossego continua a ser um enigma para investigadores, editores e leitores. Não tendo Pessoa deixado o livro preparado para publicação, a montagem do livro tem sido feita pelos editores, que organizam os fragmentos de acordo com os seus critérios. É natural, assim, que as várias versões convivam em discórdia e complementaridade.
Logo após a publicação da edição Ática em 1982, Georg Rudolf Lind, crítico, tradutor alemão e estudioso da literatura portuguesa, e Jacinto do Prado Coelho, o editor, envolveram-se num debate sobre o critério da sua organização. Do mesmo modo, as edições de Teresa Sobral Cunha (1991) e as de Richard Zenith (1991, em inglês e 1998, em português) levantaram discussões acerca dos critérios adotados de inclusão e de arrumação. Mais recentemente, em 2015, Teresa Rita Lopes, relevante investigadora pessoana, propôs uma polémica versão do Livro do Desassossego, na qual integra os textos atribuídos ao Barão de Teive (Editora Global, São Paulo).