Bibliotecas simultaneamente privadas e colectivas, 50 anos sem Almada e 27 na mesma morada
Nos dias que correm e nas ondas que crescem, há uma biblioteca fabulosa que atravessa o Atlântico. Vêm para Lisboa os livros de Alberto Manguel, escritor e famoso bibliófilo. Os seus 40 000 livros são doados à cidade de Lisboa e a Câmara Municipal vai criar, para eles e com eles, um Centro de Estudos sobre História da Leitura.
Será mais um lugar de literatura na cidade. Uma biblioteca privada que passará a ser colectiva - como aconteceu também com a biblioteca particular de Fernando Pessoa – online há já 10 anos, e agora em exposição na Casa Fernando Pessoa. Os livros que Pessoa escolheu, livros que lhe foram oferecidos e dedicados, e livros que ele próprio editou na sua empresa Olisipo. O primeiro livro da Olisipo foi “A Invenção do Dia Claro” de Almada Negreiros, uma espécie de poema-conferência sobre palavra e pintura.
Foi também Almada Negreiros que desenhou o logótipo para a editora de Pessoa: um barco com 4 remos, como Pessoa e os seus 3 heterónimos mais chegados.
Passam 50 anos da morte de Almada Negreiros - na cidade há programas sobre Almada escritor, pintor, vanguardista. Aqui, agora em Novembro, quando marcamos também o aniversário da inauguração da Casa Fernando Pessoa há 27 anos, falaremos da “Invenção do Dia Claro”.
A “Invenção do Dia Claro” – como um verso repetido como um mantra.
Um dia claro, como aquele em que uma biblioteca nos chegou por mar.
Clara Riso · Directora da Casa Fernando Pessoa